Festival Canja promove atividades socioculturais por toda Bauru, entre elas, “O Auto da Barca do Inferno”
William Orima
Adicione manifestações artísticas com uma grande porção de conscientização social. Misture bem e leve ao público por uma semana. Sob as diretrizes das artes integradas, da economia criativa e da sustentabilidade é constituído o Festival Canja, projeto colaborativo anual que promove a cultura em todas as suas formas. Realizado peloEnxame Coletivo em parceria com a rede Fora do Eixo e o Grupo AGR, o Canja reúne este ano em sua programação diversas atividades socioculturais, como oficinas, palestras, debates e espetáculos musicais e teatrais. O evento coloca a cena autoral de Bauru e região em evidência, com mais de quinze espaços ocupados por toda a cidade e com mais de 90% de suas atividades gratuitas.
A temática da sustentabilidade é a linha editorial de todo o evento. Não se trata apenas da ideia da redução do consumo, mas também da realização de projetos mais independentes, autônomos, que gerem impacto sem depender de outras fontes, como o próprio Canja.
“Os debates principais são sobre a sustentabilidade política, econômica, artística e ambiental” conta Artur Faleiros do Enxame Coletivo, um dos organizadores do projeto. “A importância do festival é a de formar público, desenvolver articulações, construir novas políticas públicas. Trazer visibilidade para a pauta que nunca está em voga”, afirma.
A música é a parte de maior visibilidade no festival. No entanto, as manifestações teatrais também ganham grande destaque.
O Grupo Teatral Athos veio de Batatais e apresentou no Parque Vitória Régia, na tarde do último sábado, uma montagem teatral de rua de “O Auto da Barca do Inferno”, Gil Vicente. Inusitada, a peça trouxe um ar contemporâneo à obra de 1517. Com muito bom humor, os atores adicionaram o elemento do improviso ao roteiro, interagindo com a plateia.
Quando questionado sobre a escolha da peça, Ricardo Silva, ator que dá vida ao Diabo da dita barca, diz: “É um texto já escrito para o fluxo urbano, para intermediar com as pessoas. A gente não tem a fidelidade do público o tempo todo na rua. Às vezes alguém passa, vê a peça e têm apenas dez minutos livres: assiste os dez minutos e consegue entender o espetáculo”.
Com ao todo mais de 50 horas de programação, o Festival Canja encerrou suas atividades no domingo, dia 02 de setembro.
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